Senador Lucas critica falta de ações efetivas na audiência com Marina Silva sobre o meio ambiente no Amapá
Foi assim que nos tiraram mais de 74% do território estadual em nome de parques nacionais que só existem no papel

Por Redação
Era para ser uma audiência "normal" a anunciada com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, para a tarde de terça-feira, 27 de maio, na Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado, presidida pelo senador Marcos Rogério (PL-RO).
Pelo menos assim esperava o senador Lucas Barreto (PSD-AP), autor do requerimento que resultou na audiência sobre o projeto de criação de quatro novas reservas extrativistas marinhas no Amapá, visando "proteger ecossistemas costeiros e marinhos, além de comunidades pesqueiras artesanais", segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Muito pelo contrário. Os ânimos esquentaram mais do que lava vulcânica com bate-boca entre a ministra e os senadores amazônidas Omar Aziz, da base do governo Lula, e Plínio Valério (PSDB). Para o político amapaense, a proposta da audiência não era essa. Ele queria ouvir de Marina Silva explicações sobre o porquê da implantação das reservas justamente agora, quando as discussões sobre as licenças para exploração de petróleo, na Margem Equatorial, de certo modo, pendiam para o Amapá.
Lucas Barreto vinha fazendo críticas ao ICMBio nas últimas semanas devido à intenção do órgão de realizar consulta pública para a criação de quatro novas áreas de extração marinha no litoral do Amapá. Segundo o congressista, a ação pode ser aplicada em toda a costa entre Oiapoque e Macapá, incluindo a única praia marinha do estado, restringindo a utilização do território para atividades de pesca, agricultura e extração de petróleo.
Durante a audiência na Comissão de Infraestrutura, o senador fez um desabafo contundente: "Nós, no Amapá, não estamos querendo derrubar uma árvore. Cerca de 95% da nossa floresta primária está de pé, no Amapá. Nós fizemos o dever de casa. E ninguém quer derrubar nem folha. Lá, no Amapá, construíram mais três hidrelétricas no rio Araguari. Matou a Pororoca. Três hidrelétricas. Inundaram cem quilômetros. Milhões de árvores morreram. Não houve compromisso com a responsabilidade ambiental e nem social. E o Ibama, o Ministério [do Meio Ambiente], nunca se manifestaram. Nenhum famoso de palco ou de passarela saiu em defesa dos nossos caboclos. O rio está contaminado. Ontem, eu recebi uma denúncia de que a degradação da barragem é tão grande que está poluindo a água, matando os peixes, e prejudicando a população."
Marina Silva ouviu em silêncio a exposição emocionante do senador amapaense. Quase uma súplica. De fato, Barreto está coberto de razão. Em sendo aprovadas as propostas de criação das reservas marinhas pretendidas por Marina Silva, o Amapá se converte numa espécie de "protetorado verde", sem espaço para praticamente 95% dos modelos de negócios tecno-industriais em destaque atualmente.