Amapá dá show no varejo e lidera crescimento nacional com performance digna da China

Amapá dá show no varejo e lidera crescimento nacional com performance digna da China

 

 

O Amapá acaba de protagonizar um feito que virou referência no Brasil: liderar o crescimento do comércio varejista no país com uma taxa de 12% até fevereiro de 2025 — desempenho quase seis vezes superior à média nacional de 2,3%, de acordo com o IBGE em parceria com o Banco do Brasil. Em termos proporcionais, é uma alta que rivaliza com os números projetados para o mercado varejista chinês, que deve crescer 14,4% neste ano, segundo o FMI.

A composição do comércio varejista no estado é ampla e abrange desde hiper e supermercados até materiais de construção, combustíveis, papelaria e eletrodomésticos. Mas o que realmente impulsionou esse salto exponencial foram uma série de vetores econômicos que combinam políticas públicas ousadas com dinamismo do setor privado.

Entre os motores do crescimento estão: contratações em concursos públicos; migração de servidores do extinto Território Federal do Amapá para os quadros da União — o que impacta diretamente na renda e no consumo local; concessões estratégicas em energia e uso sustentável das florestas; além do avanço da agropecuária com novas titulações de terras produtivas. Tudo isso ativou a engrenagem da renda disponível e estimulou a cadeia varejista em toda a sua extensão.

Outro ponto que merece destaque é a chamada “informalidade estruturada”, impulsionada por políticas inteligentes de incentivo ao turismo de eventos, que colocaram o Amapá entre os principais destinos turísticos emergentes do país. A digitalização do consumo, por sua vez, acelerou a dinâmica de vendas com a popularização de ferramentas como o Pix, alcançando até as periferias urbanas e comunidades ribeirinhas.

Na avaliação de Clécio Luís Vieira, governador do Estado, os resultados são fruto direto da sinergia entre Estado e setor produtivo: “Estimulamos fortemente a economia com a reabertura de indústrias, obras, turismo e eventos, o que gera emprego, renda e transforma a vida das pessoas. O Selo Amapá, o retorno da Expofeira, o Startup 20 e grandes obras, como a do Novo HE, são bons exemplos de como o Estado estimulou esse crescimento inédito no comércio”.

Com apoio de entidades como a Fecomércio, o Amapá vem redesenhando sua matriz econômica com foco em inovação, segurança jurídica e valorização do empreendedorismo. O resultado? Um desempenho que ofusca até gigantes como São Paulo (1,1%) e Minas Gerais (2,5%), e deixa para trás estados em retração, como Roraima (-4,9%) e Mato Grosso (-3,7%).

Segundo a economista Mariana Lobo, do Centro de Estudos Amazônicos, o Amapá é um estudo de caso sobre como economias periféricas podem se tornar motores regionais com políticas públicas bem calibradas. “O estado prova que não é o tamanho do mercado que determina o sucesso, mas sim a qualidade da estratégia e a articulação com os agentes econômicos”, afirmou, em artigo publicado pela WRI Brasil.

 

Juan Monteiro

Jornalista, MBA em Agronegócios, Mestrando em Negócios Internacionais